quarta-feira, outubro 26, 2011

A Química Das Quimeras.






















Acordei com o olho cheio de remela, não sei quanto tempo eu dormi, apenas sei que a noite é negra e silenciosa. Preparei um ovo com pão e dividi com a Loira. Ela nunca comia o suficiente, o que me deixava preocupado, parecia muito abatida e melancólica, mas eu gostava do seu jeito inocente. Conduzi-a para a cozinha, e no meio do nosso jantar romântico na madrugada, regado a pães e ovos, joguei-a em cima da mesa e passei a língua na sua nuca. Guinevere se ajoelha e abocanha meu pau. Não demora muito para eu esporrar na sua boca, e mesmo assim, eu queria mais. Passei o braço na mesa e joguei tudo no chão, fazendo um estardalhaço, no que a Loira ri que nem moleca safada. Deita de pernas abertas e eu meto carinhosamente. Nós estávamos em sincronia absoluta, a química era quimera, eu poderia prever todos os mundos e os novos planetas que estavam por vir. Gozo mordendo seus lábios.
- Eu queria ver um filme. – Disse-me numa voz melodiosa.
- Excelente ideia. O que você gostaria de ver? – Pus as mãos em seus seios.
- Você gostou dos meus peitos! Não tira a mão. – Gargalhou.
- Seus peitos tem uma textura engraçada, nunca segurei algo assim.
- são naturais, nunca mexi neles. – eram seios turgidos com um leve toque de pêssego seco.
- Mas qual a boa, eu tenho uma prateleira de filmes ali. – apontei pra estante no meio da sala. – você pode escolher qualquer um.
- Você me lava até lá?
- Tenho que arrumar esta bagunça.
- Não, depois fazemos isso. Vamos lá. – Guinevere se levantou e me puxou pelo braço, e claro, eu não pude resistir. 
- Eu quero ver um filme antigo. Gosto de filmes clássicos. A época de ouro do cinema. São românticos e cheios de verdades. O mundo era diferente nessa época, as pessoas viviam plenamente, apesar de certos conservadorismos.
- Eu gosto muito também sabia, mas queria ver outra coisa.
- Não, vamos ver Casablanca. – Falei com propriedade de um cinéfilo.
- Nada disso, já vi milhares de vezes, eu quero ver, O Clube da Luta. Fico muito excitada vendo este filme, parece filme pornô pra mim. – Gargalhou bem safada. Era uma puta realmente.
- Não to muito afim, mas vou colocar o filme, e ficar um pouco no computador.
- Fica aqui comigo, gostoso.
- Depois, acho foda este filme, mas não to muito afim. Fica aí.
Coloquei o filme e fui pro virtual, altas horas, ninguém aparece, só os mais zumbis da noite. Oscilo entre as comunidades e opiniões diversas. Não conseguia encontrar mais nada para mim neste mundo de mentiras e propagandas do impossível, eu havia encontrado o que faltava para me sentir completo. Estranhamente a outra Guinevere entrou. Não resisti.
- Olá.
- OI.
- O prazo estourou? Seja lá o que isso quer dizer. Risos.
- É que todo processo tem um prazo para se entrar em juízo, e quando ele está correndo processualmente, as apelações também têm prazos. O advogado vive o tempo intensamente, vive correndo contra o relógio, entende? - (Percival está digitando uma mensagem).
- Claro, acredito que médicos também.
- Com certeza. O que você faz acordado esta hora da madrugada?
- Estou sem sono. Fico com insônia de vez em quando, então fico de zumbi on line. E você? Acordadíssima.
- Risos. Acabei de voltar.
- Só na farra.- (Guinevere está digitando uma mensagem).
- Acabei de voltar do escritório, adormeci no sofá e fiquei por lá.
- risos. Jura?
- Sério. Ando acabada. É muita coisa, mais o mestrado. Estou pensando em largar. Nem tava. Risos,
- Falta muito pra acabar?
- Um ano para entregar a tese.
- Deve ser um saco. Eu abandonei este mundo acadêmico, é muito chato.
- Mas você pensou em fazer mestrado?
- Nem. Nunca. Não gosto do Metiê. Muita gente metida. Intriguinhas de ego.
- Verdade, mas eu estou acostumada, o pessoal da justiça é isso e um pouco pior.
- Imagino.
- Conseguiu ler o Sade?
- Não. Risos. Não consigo parar pra ler. Eu até ia começar a ver pela milésima vez, O clube da luta, e entrei aqui e você estava on.
- Risos. Você é dos filmes mesmo. Se você gosta tanto deste filme, devia tentar ler o escritor pelo menos.
- Como assim? – (Guinevere está digitando uma mensagem).
- Chuck Palahniuk. Ele escreveu o livro que originou o filme.
- Não sabia. – (Guinevere está digitando uma mensagem).
- Li alguns. Se quiser eu posso mandar um pra você, do jeito que você é preguiçoso. (risos).
- Porra! Eu ia adorar!
- Então, diz o endereço que eu mando amanhã.
- Barata Ribeiro, Número 54, ap 603, Rio de Janeiro, RJ, cep, 22011-002.
Deve chegar semana que vem. Vou dormir agora, amanhã tenho muito o que fazer.
- Beijão.
- Beijos.
Desliguei tudo e fui pra perto da Loira. O filme rolava intenso, enquanto ela assistia desinibida, cheguei de bicho mordendo o pescoço. Não pedi permissão e já a chupava com os dedos na boceta. Nos fodemos como loucos e adormecemos um nos braços do outro.






segunda-feira, agosto 09, 2010

Buscando A Razão No Espelho.




O prazer se separa da dor em módicas medidas,
Gosto da faca enterrada no peito,
Sangrando a lágrima de amores sem resposta.
Minha melancolia respira em cada orgasmo sufocante,
Perco-me sempre em seus cabelos,
Junto as pernas.

Sento em frente ao computador,
fugindo da realidade,
ou de qualquer contato físico.
É um fiasco.
Logo procuro outro tipo de dor que possa me levar ao prazer,
ao gozo sem fim.
O prazer misturado a dor.

De volta a realidade esqueço seu nome,
Lembro da dor,
Mas esqueço seu nome.
Lembre-me seu nome,
Para eu esquecer a dor.

As paredes guardam os segredos,
Sussurros de um desnível da sanidade,
Guarde pra mim este doce pra quando eu voltar.

A rua faz com que eu me perca,
Pra me achar no canto de um quarto escuro,
confuso no corpo,
na orgia da lua.
Quero ser a sua salvação,
Pra junto me levar ao paraíso.

E volto para o meu singular prazer,
O cotidiano desvairado,
Com o vigor de toda minha fraqueza.
Aconselhe-me a dor do futuro,
Pra relaxar.

Todos num mesmo tempo,
Em diferentes ritmos.
Cadê a luz,
Cadê meus passos confiantes,
Afogaram-se em prantos sorrisos.

A liberdade é uma risada contida,
Num murmúrio perdido da razão. 

terça-feira, junho 15, 2010

O Silêncio Do Tempo.


Meu período está passando,
enquanto me vejo em visões futuras.
O tempo sempre me ajudou,
agora deverá me pegar pelo braço,
e me deixar sozinho em meio às trevas.
A saída nunca houve,
apenas o desejo inútil de viver na luz.
E ela se extingue lentamente.
Vivo a vida em mil segundos por milésimo de segundos,
e um dia talvez,
iremos nos esbarrar em nossos tropeços,
caindo em nossa realidade concluiremos
Que a vida existe,
ainda renegada pela escuridão de alguns.
Toda jornada fará sentido,
mesmo que meus olhos não suportem tal luz.
O vento sussurrará meu nome em uma língua desconhecida,
quem sabe alguém ouça,
ou seja apenas uma alucinação esquizofrênica.
Meu passado se torna um sonho,
Cuja realidade ninguém entendeu,
somente a incontestável dor.
E voltar, não sei como,
estendo meus braços querendo que algo mais me leve,
mas apenas o tempo me carrega.
Muitos vão se ajoelhar e rezar,
não percebendo que o medo é apenas uma miragem,
E nada vai afugentá-lo,
nem mesmo qualquer tipo de luz.. 
Lobato Dumond.

segunda-feira, abril 19, 2010

Guarda Tudo.





O asfalto inebriava a imagem com o calor recebido do sol. A rua tranqüila recebia poucas pessoas que por ali passavam; Um Gari Meio Manco varria as ruas imundas da desordem. Nos movimentos lentos da vassoura, ele carrega o lixo de um lado para outro orquestrando a cadência da lentidão; Uma Senhora de Idade arrasta um carrinho de compras cheio, levando um pé de cada vez e sustentando para frente toda sua corcunda; Um Menino com sua mochila volta da escola para casa, observando o tempo e as árvores com curiosidade, sem perceber que o tempo se move junto com ele; um cachorro dorme na preguiça da vagabundagem, indiferente a fome. Na violência do abrupto um homem magro dobra a esquina correndo no desespero da loucura, vestindo terno e gravata num calor de quarenta graus, ele transpira toda sua velocidade em segundos; correndo, correndo e correndo. Cruzando a rua numa agilidade incrível, o Engravatado sente suas pernas doerem e seus joelhos afrouxarem, e quando achou que iria cair, correu mais e mais.
O Engravatado saía de casa por volta das oito da manhã, teria que chegar ao trabalho um pouco mais cedo. Descia de elevador com uma carranca e os olhos vidrados em sua esposa Amanda, aparentemente tiveram alguma discussão. Amanda era uma mulher extremamente elegante, andava sempre vestida na moda e possuía lindas curvas de Tamburello. O Engravatado não dizia nada, apenas encarava, enquanto Amanda desviava o olhar, talvez de culpa. Na calçada cada um foi para o seu lado, sem despedidas, beijos ou afagos. Amanda pegou o carro do casal. O Engravatado decidiu ir de Metrô.
Era tudo um tumulto só, filas e pessoas se espremendo por algum espaço de centímetros quadrados. A careta apenas ficou mais evidente e, mesmo com ar condicionado, era impossível não suar ali dentro. “O tempo passa devagar, quando se está na merda”; Uma eternidade de empurra-empurra até ser cuspido na carioca. Atravessa a rua na faixa de pedestres acompanhado de inúmeras formigas trabalhadoras, sem saber que seus segundos de vida corriam rápido como elas. Pegou o elevador num prédio comercial e, por coincidência, encontrou sua secretária. Os olhares se cruzaram cúmplices, deixando evidenciar uma intimidade proibida. Houve apenas um oi para tentar esconder a excitação aparente. Ao sair do elevador, foram juntos até o café do grande escritório, trocando algumas confidências, sem dar muita pinta, disfarçando ao máximo para os outros profissionais. Sugeria negócios. Conversa restrita no trabalho é um engodo muito interessante, aumenta o fetiche; parece o que realmente não o é. O Engravatado Entrou na sala e colocou o café perto de uma montoeira de processos, no mesmo tempo em que a Secretária se sentou à mesa mais afastada. Logo na tela do computador havia um recado que dizia: Paulo, não poderei vir hoje, por isso fiz plantão ontem. Att. Pablo. Seu cenho fechou. Saberia que o dia seria mais puxado. A Secretária entra novamente, fazendo-o pensar:
“Caralho, eu vou comer muito ela na hora do almoço, preciso extravasar” – Diga Rita. - trincou num sorriso cafajeste.
- Acho que nossos planos afundaram, bebê. – Falou carinhosa sem perder a postura.
- Como assim?
- Você leu o recado do Pablo? Ele não vem. Ele ia numa audiência na vara criminal de Nova Iguaçu. Ver aquele processo da mãe do traficante que recebeu um carro dum jogador. Só tem você para fazer esta audiência. Você vai ter que sair agora. Não vamos poder almoçar juntos, mais uma vez. – Terminou a frase magoada, afinal ela tinha 18 anos.
Paulo virou puto esbarrando no copo de café e o deixa cair em cima de alguns processos. Desesperado, limpa alguns com a gravata, pega a maleta e coloca os processos dentro. Antes de sair, para do lado de Rita, ainda parada na porta, e diz:
- Eu juro que volto pro jantar. – Enfatizando o Eu.
Pegou um ônibus pra Nova Iguaçu no Castelo. Puxou um livro de Charles Bukowski e mergulhou de cabeça. As palavras das ruas mudavam conforme as paisagens do livro; ao redor a cidade; suas ruas tortuosas se perdiam em movimentos inúteis. Um livro faz uma grande viagem, em todos os sentidos. Logo pelas tantas percebeu que já chegara à Nova Iguaçu e precisaria pegar outro ônibus para a Vara Criminal. Desceu no ponto e ficou esperando. Não demorou muito. Paulo vê seu ônibus parado no sinal e com a porta de entrada aberta. Deu uma corridinha até ele e entrou. O ônibus era daqueles modelos antigos, com a entrada e o a cabine do Trocador pela porta traseira. Paulo entrou meio estabanado, quase catando cavaco, não teve coragem de olhar para a cara do Trocador, teve vergonha. Deixou o dinheiro e passou, sentando-se logo ao lado de uma Senhora Gorda num dos bancos mais altos e a frente do trocador. Não demorou muito para mais uma vez amaldiçoar todos os deuses, afinal, tem dias em que você está num mato sem cachorro, e o seu gato morreu. Puxou o livro do Bukowski, quando foi interrompido pela Senhora Gorda que sentava ao seu lado.
- Guarda tudo que você tem de valor. – A face da Senhora era de pânico.
“não acredito que esta puta vai me assaltar” – Como? – respondeu.
- Guarda tudo que você tem de valor. O ônibus está sendo assaltado. – A Senhora parecia bastante aterrorizada. – Aquele Cara e a Mulher dele estão roubando todo mundo, moço. – Um Cara estava sentado do lado de uma adolescente, com a arma na barriga dela, ao mesmo tempo em que a Mulher dele ficava ao lado do Motorista, sempre falando com este e olhando para frente. Não acreditando no seu dia, ele apenas paralisa e observa tudo calado. O sangue queima e as mãos gelam. Uma evangélica rezava muda pra todos os Santos e orixás; a maioria dos passageiros fitava o chão com medo. Todos muito quietos, no instante em que a Senhora Gorda ameaça a perder a razão.
- Moço, acho que vamos todos morrer.
- calma que tudo se resolve na paz.
- Vamos todos morrer, moço. - Ela esfregava as mãos intensamente e soluçava num choro contido.
“se eu ficar do lado desta surtada, vou tomar um tiro de bobeira”.
Sem falar nada, ou pensar muito, levantou-se desviando seu olhar dos assaltantes, e por sorte ambos não o viram. Sentiu-se invisível. Caminhou decidido buscando não fazer muito barulho com os passos, chegou atrás da cabine do Trocador e sentou-se, “pelo menos aqui eu tenho um escudo”. Ambiente tenso no ônibus. O silêncio incomodaria um surdo. Não haveria muito a ser feito, “quem realmente quer tomar um tiro pelas coisas materiais, valeria a pena se fosse uma questão moral”?  - Pensou.
Espichou o olhar por de trás da poltrona do Trocador; o casal de Malandros falava com o Motorista ajeitando os frutos do roubo, nos bolsos e dentro da calça. O Ônibus pára em um ponto e os dois Malandros descem. O Mais curioso era que o Cara Assaltante carregava com dificuldades uma máquina de secar louça. Paulo seguiu com os olhos os dois pela rua, com o Cara a carregar a máquina na cabeça com dificuldades e tentando correr.
Subitamente o reboliço tem seu estopim numa frase – “Minha Nossa Senhora da Aparecida, Oxum, Oxalá, Jesus Cristo é o Senhor! – A Evangélica agradecia seu Deus e todos seus santos por nada ter lhe acontecido. Todos comentavam o pavor e o terror de viver tal experiência, alguns comentavam por alto:
- Aquele Senhor ali estava com uma máquina de secar louça, e os bandidos levaram.
- Levaram meu relógio também.
- Meu pagamento todo foi com estes Filhos da puta!
Diante o tumulto dentro do ônibus, o Motorista para na rua ao lado de uma patrulha de policia um pouco mais à frente, contado o caso como ocorrera e especificando que o casal carregava uma máquina de lavar louça. Não foi nem dez segundos depois que o policial dissera ao rádio como era o casal de ladrões, e o que carregavam, prenderam os Malandros. Quando comunicaram aos passageiros, foi só alegria. Todos se cumprimentavam. Inclusive a Evangélica foi dizer ao Paulo que não morreu por rezar o Salmo 26 e prometer a Iemanjá três lírios.
Devido aos procedimentos legais dito pelo policial, todos do ônibus teriam que ir até a delegacia para fazer o Boletim de Ocorrência. Muitos começaram a reclamar, inclusive Paulo que não poderia perder em hipótese alguma sua audiência. Um novo reboliço fora formado. No meio da discussão o Motorista tentou sair com o ônibus, resvalando de leve num carro que se movia ao lado. Evitando maiores danos ao automóvel, o Motorista dá uma freada brusca, levando uns dois ou três passageiros ao chão. A confusão estava tomada, alguns desceram do ônibus e o dono do automóvel começou a gritar da rua. O policial tentou conter a ordem, mas era apenas um para tantos infelizes. Paulo aproveitou a desordem e saiu de manso com seus passos curtos e decididos, e foi só passar a traseira por fora do ônibus, saiu em disparada.
Um Gari Meio Manco varria as ruas imundas da desordem. Nos movimentos lentos da vassoura, ele carrega o lixo de um lado para outro orquestrando a cadência da lentidão; Uma Senhora de Idade arrasta um carrinho de compras cheio, com dificuldade levando um pé de cada vez, sustentando para frente toda sua corcunda; Um Menino com sua mochila volta da escola para casa, observando o tempo e as árvores com curiosidade, sem perceber que o tempo se move junto com ele; um cachorro dorme na preguiça da vagabundagem, indiferente a fome. Na violência do abrupto Paulo dobra a esquina correndo no desespero da loucura, vestindo terno e gravata num calor de quarenta graus, ele transpira toda sua velocidade em segundos; correndo, correndo e correndo. Cruzando a rua numa agilidade incrível, Paulo sente suas pernas doerem e seus joelhos afrouxarem, e quando achou que iria cair, correu mais e mais.
Não agüentado dar um passo sequer, parou escorado num poste e começou a respirar todo o ar que podia; se ar tivesse preço, Paulo estaria morto. No meio de suas blasfêmias, acaba vendo ao seu lado a entrada da Vara Criminal que tanto lhe esperava. Agora tudo fazia sentido; gargalhou ao máximo. A Senhora de Idade o olhava incrédula, enquanto Paulo gargalhava o resto de sua razão.    

sábado, abril 17, 2010

Bocas Eternas.




Eu tento justificar minhas ações,
Sendo aquilo que meus instintos dominam, e ao mesmo tempo, carregar toda paixão da razoabilidade. Seduzo a loucura em forma de pornografia, num beijo encharcado de despudor. Saboreio o gosto da boceta num pingo de baba. O erótico é meu amor. Cruzo o país em busca do seu corpo. Vivo intenso cada foda, num minuto de cena. A imagem que me persegue é de quatro, explicita. Esquecer?
Talvez saborear.
Estou vivo na madrugada eterna; na noite em que o sol morreu, a tarde não estava lá. Posso rir no eterno gozo da minha morte, talvez eu não esteja presente no dia em que acontecer, mas talvez você esteja. Quero ver e sentir o tempo que consome minha pele; destruindo minhas unhas; enrugando a flexibilidade; caindo meus dentes.
Contudo o desejo permanece inflexível, nem que eu me drogue; foda-se.
O Tempo urge, e longa se tornou a espera. O amor sempre numa vaga lembrança, em planos diferentes surreais. O relógio apurado derretido no calor do seu corpo.
Rígido é o meu amor por ti.
A saudade inundou minhas lembranças. Penso em lhe esquecer numa fração do tempo,
E no milésimo de segundo seguinte transpiro seu nome. Preciso me enterrar no longínquo subconsciente,
Em minha frágil máscara deformada.
O chão se derrete junto ao relógio.
Imagino coisas e vejo um novo mundo de idéias, sendo aquilo que eu quiser, aonde eu sempre poderei estar. O prazer se torna minha linguagem do saber, mas nunca sei exatamente onde estou. Vago de psíquicos a matérias na busca irrefreável dos sentidos, tento conhecer antes de partir, dominar a razão.
A palavra da sua boca é a violência no meu corpo, aquilo que nunca será meu, também não o será de ninguém. Os sussurros carregam lembranças e o tempo junto; voando almejando o fim. A dor pode ser um gozo na carne. Extirpo a razão num descontrole ao puxar seu cabelo. Cuspo na sua cara num tapa impetuoso, o estalo é uma brincadeira do som. Penso que você não conhece a dor, e tudo é um jogo perigoso, assim a como; as palavras. Não me diga nada, apenas encaixe, desperte. Ajoelhe-se e jure.
Faça valer o desperdício, chupe e engula; quero sua língua.
Passo pelas portas em que você esteve, sinto o perfume que marcou nossos encontros; tudo tão longe e tão intenso que me deixo explodir;
Minhas mãos tremem lhe vendo em pequenas cenas sem pudor, não me deixe aqui, leve-me contigo pra dentro de você.
Tudo se move com extrema velocidade, menos eu, continuo parado num tempo vagaroso, envelhecendo as pedras, e consumindo meu ser.
Vejo derreter a máscara que você me deixou,
Porém a vida, sempre se alimentará da vida.  
Lobato Dumond.

segunda-feira, março 22, 2010

O Último Segundo




Prefácio.
O tempo é uma certeza de vida, tanto quanto o de morte; e a vida é o que você leva pra eternidade, você querendo ou não. No momento em que ela se extingue, o que você leva, é o seu ultimo segundo. Então cuide deste último segundo.

Precisava chegar a Praça Mauá, sendo que me encontrava na Lapa. O calor continuava a matar os pingüins do mundo, enquanto eu derretia a minha calota polar. Os passos arrastavam meu corpo pela Mem de Sá. Um ônibus parou de relance ao meu lado, impossível andar neste calor até a Praça, então logo entrei no ônibus, mesmo sem saber o número – Este ônibus passa pela Praça Mauá? - perguntei.
- Devo passar por lá sim. – Resmungou o Motorista estabanado, não sabia se partia; se ficava; se olhava pelo retrovisor; ou se olhava pra frente. O Motorista tinha uma cara carrancuda, e em gestos afoitos recebeu meu dinheiro. Alguém teve a brilhante idéia de colocá-lo trocador e motorista, não é à toa que estava perdido. Peguei meu lugar e comecei a desfrutar do abismo que pode ser a Lapa; ruas lotadas de transeuntes a descer e subir; Muitos vislumbram de frente e encaram a possibilidade do pulo, afinal, todo abismo é um convite a pular. Um Senhor Manco se aproximou do Motorista, trajava uma camisa esburacada, sua voz era lenta e estridente.
- Meu bom homem, este ônibus passa na Rua México? – Trazia na voz a humildade de quem se espatifou numa queda impossível, vai ver era o abismo. Sentou-se perto de mim, não ao meu lado, e continuamos viagem. Subitamente o ônibus gira numa curva em uma ruazinha que ninguém conhecia. Ocorre um pequeno rebuliço e sussurros, todos se perguntando; “mas que merda é essa”? Um casal mais a frente começam a esbravejar.
- Meu amigo, este ônibus não passa na Cinelândia? – Gesticulavam muito, desvendando toda insatisfação, ambos tinham certeza de que este veículo passaria na Cinelândia. O caminho estava ficando cada vez mais confuso, e mais confuso ainda era o Motorista que disse.
- Eu passo na volta, não? – Perguntou a todos, ainda mais confuso. Se ele não sabe, como saberei? Confiantes de que o veículo passaria pela Cinelândia, o casal se calou, e continuamos a perambular pelas tortuosas ruas da Lapa, escapulindo pelas brechas sinuosas e estreitas. Paramos em um ponto ulterior, onde subiu um homem de idade avançada, com o rosto bem danificado pela falta de cuidados, sua pele parecia um saco plástico enrugado, carregava um carrinho de compras cheio de tralhas, sobretudo latinhas de cervas; trajava trapos pelos corpos, o fedor era incrível; numa das mãos carregava um copinho branco de plástico, provavelmente com pinga; Apesar da idade avançada e da pobreza latente, seu corpo era forte, os músculos sobressaíam em sua velha pele franzida, nisso ele diz, meio torto. – Pra onde vai isso aqui? – tomou mais um gole e, estrábico, jogou algumas moedas pro motorista.
- Acho que não sei, devo na volta passar na Cinelândia. – Houve sussurros. O veículo deu a partida e seguiu viagem. Não sabia dizer quem estava mais perdido naquele ônibus; os passageiros ou o Motorista, ou quem sabe este velho das latinhas. Um cara gordo que sentava ocupando toda uma poltrona de dois lugares levantou com dificuldade e caminhou até aporta esmagando aqueles que estavam de pé; risos e resmungos atirados como pedras ao obeso. O sinal foi dado para o veículo parar no ponto, porém não parou, seguiu a toda. Muitos passageiros que esperavam o ônibus no ponto vociferaram em todos os palavrões possíveis, o Gordão que queria descer também reclamou. O Motorista decide parar abruptamente jogando no chão alguns passageiros; risos, sussurros e reclamações. Muitos desceram. Alguns ainda permaneceram no ônibus, como o casal, o Senhor de camisa furada e puída, o catador de latinhas alcoólatra dentre outros gatos pingados. Chegamos num retorno no alto de uma rua, onde um caminhão de mudanças estava parado, seria impossível passar. Os dois Motoristas começaram a discutir. Não prestei mais atenção no que eles resmungavam; quem estava no direito de que, quem realmente seria o dono da rua.  Meu olhar sobre o mundo mudou num piscar de olhos; Fiquei olhando a rua; as casas construídas uma ao lado da outra, amparando e dando formato os lugares que habitamos; no mesmo espaço dividimos espaço com algumas marionetes vazias, com a falta de perspectiva; na rua um Mendigo aos trapos passava carregando um dicionário nas mãos. Carregava consigo um manto para o frio, roupas negras e marrons de sujeira, e nas mãos um dicionário. Junto com dois gringos o mendigo subiu no ônibus pela porta de trás, o Motorista Trocador não teve tempo nem de notar, já que discutia veemente com o Caminhão. O Mendigo não tinha uma das mãos, seu corpo era arqueado e parecia carregar problemas nas juntas. Não pude deixar de notar em seu olhar uma chama curiosa; a chama da vida, apesar de seu corpo aparentar fraco e desajeitado, seu olhar carregava a força de vinte homens. Nisso se sentou ao lado do Senhor catador de latinhas, consegui ouvir algo do tipo:
- Para onde você vai com estas latinhas? – perguntou o Dicionário.
- Vou vender por aí. – Respondeu a Latinha. – E Você, vai pára onde com este dicionário? – Argumentou de volta a Latinha.
- O dicionário é para eu não me perder, eles querem que a gente se perca por aí, mas não eu, jamais me perderei. Eles gostam de nos confundir, e com isso aqui – Disse apontando pro dicionário - eu chego a qualquer lugar. Eu já estudei gramática.
- Quem são eles?
- Somos todos nós. – Completou o Dicionário. – Se existir o espírito, eu tenho o espírito mais forte de todos os tempos, pois mesmo neste corpo aleijado eu ainda não fui quebrado, mas se houver só corpo e carne, eu já estou no inferno. - Olhei de volta e consegui ver tudo minuciosamente; todos os objetos decifrados em suas moléculas, tal qual um microscópio. Olhava minhas mãos em minúsculas bolinhas, que em sua forma cru, criava o seu contorno. O que poderia ser distante desta perspectiva? Se existe sempre algo além do minúsculo, o que poderia ser maior que o universo? Quando percebi, já estava em mais um ponto de ônibus e talhava a subir pedestres. Subitamente vejo o Senhor manco retornando do banco de passageiro de trás:
- Motorista, este ônibus não vai para Praça da Cruz Vermelha? – Interpelou meio trôpego. Com dificuldade balançou entre outros passageiros.  
- Você não ia para Rua México? – Completou o Motorista.
- Porra! Óbvio que não, acha que não sei pra onde estou indo? Puta que me pariu! Só me faltava esta, o Senhor é analfabeto das ruas? – Desembestou o Senhor Manco.
- Eu tenho o meu dicionário! – Riu o Mendigo. Que bafo.
- Será que este ônibus vai realmente passar na Cinelândia? – Entreolhou-se o casal na frente.
- Cara, é só você saltar aqui e ir andando reto pela Riachuelo, simples. – Arguiu o Motorista. Eu nem sabia mais para onde estava indo, talvez a Praça Mauá, mas do jeito que iam as coisas, dificilmente este ônibus passaria pela Praça. Paramos num sinal, algumas pessoas gritaram para abrir a porta de trás, porém o Motorista Trocador se recusou e gritou lá da frente que só abriria a porta no ponto. Houve reclamações, mas o Motorista estava certo, contudo abriu a porta e saiu em movimento com o veículo, irritando os passageiros:
- Porra! Vai tomar no cu, seu filho da puta! – Gritou alguém.
- O ventre da sua progenitora está infectado pelos germes da pútrida lança de um transeunte fecal. A porra do seu Pai é infecunda. – Gritou rindo o Mendigo do Dicionário, apenas por escárnio. O ônibus parou no ponto e as pessoas desceram contrariadas, muitas gritando com o Motorista.  A viagem seguiu. O ônibus trafegava com seus passageiros personagens. A rua ia se despedindo do seu aspecto antigo e dando uma face menos artística, os quadrados vão sobrepondo os detalhes, alternando modernidade e clássico, e parece que estamos cada vez mais perto do Centro. Um cara do meu lado comenta:
  - O que deu neste Motorista? Não sabe o itinerário? – Pareceu meio preocupado. Suspirei fundo e não disse nada. As pessoas olhavam incrédulas pelas janelas, simplesmente não parávamos mais em ponto nenhum. Todos gritavam histéricos pedindo pra pararem a porra do veículo, e de nada adiantava, seguíamos fortes, como numa pista de alta velocidade. Sacolejava muito, pois íamos ziguezagueando fugindo dos carros, outros carros e mais motos. O vento batia na cara, pessoas se agarravam nas cadeiras e nos corrimões. O motor rugia furioso na medida em que aumentava a tensão e a velocidade. Pedestres começaram a fugir desembestados nas ruas, desviam-se insanamente de um ônibus descontrolado no meio do Centro do Rio de Janeiro, enquanto eu só procurava saber o número do ônibus para jamais repetir esta burrice. Passageiros tentavam abrir a janela de emergência, uns discordaram e armaram uma briga dentro do ônibus. O casal queria abrir a janela, o Mendigo do Dicionário brigava tentando fechá-la. A mulher segurou na alavanca, e quando iria puxar, Mendigo a segurou pelo braço e tentou se explicar:
- A Senhorita não deve! Não pode! Iríamos todos perecer, cairíamos a fora do veículo, e num reflexo de segundos, seríamos atropelados e – Dizia cândido e meio confuso dos pés, tentando se equilibrar no veículo, contudo não conseguira terminar sua sentença. O Marido lhe empurra pra longe, fazendo com que os dois caiam rolando e sem controlo até a porta de saída do ônibus. Num inesperado segundo a porta se abre e ambos são cuspidos para fora do ônibus. O Marido é logo tragado para debaixo de outro ônibus e tem a cabeça esmagada pelas rodas. O cérebro e pedaços do crânio explodem pelas ruas trazendo desconcerto aos pedestres que ali passavam. Virei o rosto enojado e senti o nó clássico na garganta, quando tememos pela nossa vida. Uma lágrima desceria pelo meu rosto se o vento não a secasse antes. Olhei de novo para a porta de saída e vi o Mendigo pendurado, tentando com todas suas forças, tremendo, subir de novo no ônibus. Logo ele mostra os dentes num sarcasmo e se solta da porta. Seu corpo rola nas ruas e logo uma moto passa por cima de seu corpo. O Motoqueiro e o Mendigo rolam com a moto no chão. As tripas ficaram a mostra. O tráfego de carros aumentou e percebi que o sinal na frente estava vermelho, contudo não diminuíamos, na verdade aceleramos.   cangote do Motorista Trocador e tentou arrancá-lo do volante, ambos ficaram se estrangulando, puxando um ao outro, no mesmo tempo em que via os carros parados se aproximar.  Houve uma tremenda colisão; o saco de latas do Senhor Manco de Camisa Esburacada abriu e recheou o veículo de latas. Alguns passageiros foram lançados pra frente e colidiram a cabeça na poltrona. Pareceu um grande strike. Carros foram amassados como papel e lançados para frente com violência. O Passageiro de camisa Azul largou o Motorista Trocador e foi arremessado contra a porta de entrada do ônibus desgovernado. O Motorista caíra também para fora do volante, logo ele se recupera abrindo a porta de entrada, cuspindo mais um passageiro. Num ímpeto de caos e destruição, o Motorista Trocador atropela, em atos vis, todos os carros que param diante de sua fúria incontrolada. Seus olhos estavam arregalados numa gargalhada macabra. O ônibus tremia com brutalidade em cada choque bestial. Os gritos histéricos aumentavam o terror. Não sabia o que fazer, estava em torpor; A realidade nos surpreende com sua criatividade infinda. Num supetão uma passageira que segurava na poltrona é atirada pro corredor, sem agilidade alguma, ela virara refém do sacolejar do veículo, rolava para todos os lados do ônibus. Chorando ela esperneia e grita olhando para mim, querendo que eu segurasse em suas mãos, conseguia ver as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Senti-me fraco e sem forças, uma marionete teria mais vigor. Vi as mãos suadas fraquejarem, as minhas e as dela; não podia fazer nada, ela estava distante de mim, meus dedos afrouxaram; aquela pobre mulher não podia se segurar, pois era pesada demais. Não demorou muito e seu corpo voou porta a fora. Travei meus pés em baixo dos bancos de metal para sustentar meu corpo melhor, a cada tranco pensava que eu seria o próximo a sair pela porta. Mais um passageiro pulou no pescoço do Motorista Trocador, levando uma violenta cotovelada no nariz, o sangue espirra em gotículas no vidro. Atordoado o Passageiro dá dois passos para trás cambaleante. Seus olhos reviraram no mesmo tempo em que caiu inutilmente no chão. Seu corpo jorra inconsciente para debaixo de uma das poltronas. Abruptamente paramos. Meu corpo é arremessado pra frente, chego a bater o rosto na poltrona da frente. Um calor cortante desce em cores rubras na minha face. O silêncio contrasta o caos e o rastro de destruição deixado pelo ônibus. Os poucos restantes dos passageiros começam a olhar em volta, incrédulos, não fazendo a puta idéia do que realmente havia acontecido; alguns choravam descontrolados, soluçavam diante do fato de ter encarado a morte de tão perto. Olhei para minhas mãos, queria saber se havia perdido algum dedo no acidente; estavam todos lá. As lágrimas vieram sem soluços, não pelo susto, mas pelas mortes em que nada eu pude fazer. Era difícil de acreditar no que acontece. Talvez eu ainda estivesse em minha cama e tudo fora um pesadelo, ou uma piada de mau gosto, entretanto o gosto amargo do sangue em meus lábios me trouxe de volta a realidade. Fechei meus olhos tentando reaver meu alto controle e me senti feliz por estar vivo, ainda. O motor havia se calado, tudo parecia um breve silêncio. Uma multidão fora do ônibus observava tudo num reality show. Tonto vendo tudo em flashes, tropeço numa pessoa, caio de cara. De repente alguém puxa meu braço me erguendo. Era um policial com uma roupa estranha. Começou a me carregar pelo braço, outros passageiros também são socorridos. Antes de sair, vejo o Motorista Trocador de cara no volante com um buraco na testa, os miolos esparramados e um pouco dele no que sobrou do vidro da frente. Não tenho tempo para pensar, vou caminhando arrastando os passos numa pressa contínua. Um helicóptero sobrevoava o local em vôos rasantes. Sinto saudades de amores que nunca mais vi, nem tive breves noticias. Queria poder tocá-las mais uma vez, mas estão mortas, sumidas no mundo. Arrependi-me de não ter feito coisas, do medo do ridículo; e pela primeira vez na vida comecei a encarar o mundo de forma estranha, nunca tinha percebido que a vida me pertence, que apesar de ser um ser social, vivo para mim e meus prazeres, e desde que não interfira na vida alheia, posso fazer o que quiser; posso escolher meu rumo e meu aprumo. Caminhava atônito entre o caos. Ainda sendo carregado olhei para o ônibus em chamas, estava tão aturdido que não havia percebido que ele começara a pegar fogo. Os bombeiros foram depressa apagar as chamas, temendo alguma explosão cinematográfica. Nunca mais seria o mesmo, uma parte de mim havia morrido no ônibus, junto com aquelas pessoas que não tiveram a mesma sorte que nós sobreviventes. Chorei por eles e por mim. Uma paramédica veio em meu socorro olhar meus ferimentos, e sem pensar duas vezes, abracei-a forte em meus braços num soluço sem fim; chorei toda minha confusão.               


domingo, fevereiro 28, 2010

Prefácio.









O tempo é uma certeza de vida, tanto quanto o de morte; e a vida é o que você leva pra eternidade, você querendo ou não. No momento em que ela se extingue, o que você leva, é o seu ultimo segundo. Então cuide deste último segundo.